Uma das primeiras
atitudes dos pais deve ser conversar sobre o tipo de trabalho que o filho tem
em mente
A entrada no mercado de trabalho é considerada um passo
importante em direção ao mundo adulto. Para muitos jovens brasileiros, esse
avanço acontece ainda durante o ensino médio, antes dos 17 anos, por uma
necessidade de complementar a renda dos pais, enquanto nas famílias com melhor
situação financeira, o passo costuma ser dado somente após a entrada na
faculdade.
A vontade de trabalhar, no entanto, pode surgir
precocemente. Nesses casos, cabe aos adultos tentar compreender qual é a
motivação por trás desse desejo para avaliar se ele deve ser atendido ou adiado
por mais alguns anos.
De acordo com uma alteração na Consolidação das Leis do
Trabalho feita em 2000, crianças e adolescentes de até 14 anos são proibidos de
trabalhar. Entre 14 e 16, o trabalho é permitido apenas na condição de
aprendiz.
Em todos os casos, para qualquer jovem menor de 18 anos, são
proibidos trabalhos em condições consideradas insalubres, perigosas, em período
noturno ou em horários que impeçam a frequência à escola.
Para Frida Marina Fischer, professora da Faculdade de Saúde
Pública da USP e pesquisadora do tema trabalho na adolescência, o ideal é que
os jovens deixem para trabalhar após a conclusão do ensino médio.
"É precoce que alguém com menos de 18 anos comece a
trabalhar. É começar a vida de adulto muito cedo. Eles vão trabalhar em vez de
fazerem cursos extracurriculares, se aperfeiçoarem em línguas, praticarem
esportes, que são tão importantes para o lazer e a socialização."
Para a psicóloga Yvette Piha Lehman, coordenadora do
Laboratório de Estudos sobre o Trabalho e Orientação Profissional do Instituto
de Psicologia da USP, os adolescentes de hoje são superprotegidos e não
conhecem a realidade do mundo adulto. Segundo ela, então, ter acesso a algumas
tarefas fora do ambiente escolar pode ser benéfico.